Síndrome de Volantes

Faz muito tempo que no beira rio se cultua a adoração ao esquema com três volantes e o jogo símbolo e que possui e resultado mais traumático, aconteceu sob comando do Roth no Mundial de 2010, quando a torcida assistiu estarrecida o fabuloso e companhia desfilar seu enorme potencial em campo, enquanto no banco estavam, Muriel, Giuliano, Oscar e Damião.

No início de 2011, após a teimosia da Diretoria em manter Roth e após muita pressão da torcida, chegou Falcão com suas idéias ofensivas e táticas de time jogando sempre para frente, de forma aguda. No início o que foi demonstrado encantou a torcida, pois nos jogos contra o Santa Cruz, Juventude e Emelec, o time sobrou em campo, com dois atacantes, jogando de forma compacta e aguda, marcava sob pressão, não dava espaço nem folga ao adversário e tinha posse total de bola, bem ao estilo do grande ídolo Colorado.

Mas no final de abril, após algumas cobranças de que o time estava jogando muito faceiro, Falcão assumiu um esquema mais defensivo, com três volantes e acabou levando uma saranda do Penharol, empatando no Beira Rio e perdendo fora, sendo desclassificado precocemente da Libertadores.

Logo a seguir Falcão ganhou o Campeonato Gaúcho, mas não conseguiu mais colocar em execução suas teorias e idéias e desgastado acabou saindo, passando o cargo ao Osmar Loss, que mantendo praticamente o mesmo esquema e táticas  não conseguiu se manter muito tempo no cargo.

Em agosto chegou Dorival Junior, com o cartaz de ter feito do Santos uma máquina mortífera, com a fama de ser um treinador ofensivo e que sempre armou times muito competitivos, começou bem jogando com dois atacantes e ganhou a Recopa em cima do Estudiantes, posteriormente já pelo Brasileirão ganhou do Botafogo e empatou com o Flamengo, em grandes partidas. Logo a seguir teve a primeira recaída, pois no Grenal, após cobranças, entrou com um time mais defensivo, com três volantes e o resultado todos lembram. Posteriormente empatamos com o Santos e com o Ceará de forma incompreensível e estes pontos depois vieram a fazer muita falta no final do ano, pois nos obrigou a jogar a repescagem da Libertadores.

Este anos fizemos uma péssima campanha na Libertadores, pois não ganhamos uma única partida fora, além do fato que na partida contra o Santos,  após uma punição incompreensível ao Tinga e ao Dagoberto, jogamos com todos volantes e defensores que existiam no beira rio e acabamos perdendo pontos preciosos que no final fizeram muita falta, pois acabaram nos colocando como o último Clube classificado na fase de grupos o que nos obrigou a jogar contra o melhor time da competição, como conseqüência fomos desclassificados novamente de forma precoce da competição internacional.

Aliás, este ano o Dorival já conseguiu uma façanha, pois desde 2006, este será o primeiro ano que o Inter não conquistará um título Internacional, além de estar fora de outras competições, restando apenas o Brasileirão.

Mas tudo bem, imaginamos que este fato até que poderia ser benéfico, pois entraríamos com tudo para buscar o tetra Brasileiro e a torcida que tanto anseia por este título, se mobilizou e imaginou que o time seria formatado de forma ofensiva e buscando vitórias sempre, mas o que se viu contra o Flamengo foi um time recuado, defensivo, acuado, com apenas um armador e um atacante e que só reagiu após o jogo estar três a um e após o treinador colocar na equipe mais um armador e um segundo atacante.

Em campo, mesmo mal formatado o time se superou e buscou o empate em três a três, resultado muito comemorado, mas que com certeza poderia e deveria ser melhor, para quem postula ser Campeão.

Para piorar no final do jogo, o Dorival em entrevista falou em uma possível punição ao Fabrício, porque ele não guardou posição defensiva e subiu demais, o que ocasionou em um gol do Flamengo e porque ouve algum desentendimento entre eles. Será que ele viu apenas esta falha, se podemos considerar assim, pois onde estava a cobertura?

O estranho é que ele não percebeu que o gol do Gilberto saiu em virtude de um cruzamento do Fabrício e que depois também o próprio Fabrício faria um golaço, já que não estávamos tendo oportunidades através dos atacantes.

Eu gostei do Fabrício, creio que um jogador tem que ter atitude, tem que ter vergonha na cara e raça e tudo isto ele demonstrou ter, creio que a torcida tem que ficar na expectativa, pois caso se confirme uma punição ao jogador, não será ele que estará sendo punido e sim o Clube, a exemplo do que aconteceu quando da inexplicável punição ao Tinga e ao Dagoberto, que deixou o time completamente descaracterizado contra o Santos de Neymar.

Creio também que está na hora da Diretoria entrar em campo e se posicionar, pois embora o treinador tenha que ter controle total do vestiário e do aspecto disciplinar, alguém tem  que enquadrar também o treinador, nas suas falhas e devaneios e é inadmissível que a cada jogo o Dorival exponha os jogadores a crucificação pública.

Assuntos de vestiário e assuntos extra campo devem ser tratados de forma interna, entre treinador, Direção e jogadores, não podem ser jogados de forma inconseqüente para a imprensa e para a opinião pública.

Além disto, a explicação dada pelo Dorival de que não entrou mais ofensivo, pois poderia levar gols e ai não teria como mudar o time, não convence ninguém, pois é mais fácil controlar um jogo, se o time sair ganhando, do que correr atrás, após levar três a um, como aconteceu no sábado.

Por fim, ficou demonstrado novamente que precisamos urgentemente de zagueiro e um atacante, senão vamos ser apenas coadjuvantes neste campeonato.

Carlos Minossi