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Volanticídio

Por: Carlos Minossi – Blog Rádio Colorado

Gostaria de voltar um pouco no tempo e falar de meados do ano 2000, quando o Inter passou por períodos terríveis, o Clube estava extremamente desorganizado administrativa e financeiramente, não possuía passes de jogadores, estava com dívidas acumuladas e os interesses pessoais e de correntes políticas sobrepujavam o interesse do Clube e o Inter beirou o fundo do poço, por diversas vezes.

Quando o Fernando Miranda assumiu a Presidência a partir de 2000, trouxe o Medina e foi elaborado um planejamento em longo prazo, que foi anunciado no início de 2001, sendo na época muito ridicularizado por todos, mas que atacou de forma cirúrgica os maiores problemas do Clube, como a desorganização, dívida e desperdícios e o Inter iniciou uma nova era.

Em 2002, Fernando Carvalho foi eleito e deu seqüência ao planejamento em longo prazo e como pegou um Clube mais organizado e estruturado administrativa e financeiramente conseguiu trabalhar de modo mais tranqüilo e eficaz, também teve uma virtude primordial e essencial, pois com competência e habilidade conseguiu unir todas as facções do Clube rumo a um só objetivo, permitir ao Inter ter a paz interna e partir para conquista de grandes títulos. Este feito levou o Inter a patamares inimagináveis alguns anos após e o sucesso veio a partir de 2006, mas a partir da eleição dos sucessores de Fernando de Carvalho a coisa começou a sair do controle e voltaram a surgir crises entre as diversas facções, explodindo de maneira incontrolável no ano passado, quando as brigas e a lavagem de roupa suja era constante nos meios de comunicação, então o Presidente Luigi entrou em campo, com sua calma e competência e conseguiu apaziguar os conflitos e aos poucos o ambiente voltou a ter uma paz relativa.
Paralelamente a estes fatos, o Inter se candidatou a ser o estádio Gaúcho a sediar os jogos da Copa e ganhou este direito, mas as obras estão paradas há mais de 250 dias e o fato que mais chama atenção é que a Diretoria anterior dizia com todas as letras que o Inter tinha recursos para bancar as obras do Beira Rio, sem prejuízo do investimento no futebol e a Diretoria atual apresenta balanços e mostra resultados que demonstraram ser completamente inviável assumir esta responsabilidade, surgindo um questionamento  cuja resposta a torcida gostaria de saber: - Porque tivemos tantos insucessos e não investimos o necessário para manter o padrão dos últimos anos na área de futebol?  Será porque estávamos tirando recursos do futebol para bancar as obras do estádio?

Quem acompanha o blog, sabe que gosto de escrever sobre assuntos mais genéricos, principalmente sobre o lado curioso e pouco comentado do futebol, mas em virtude do resultado de ontem não posso deixar de falar sobre o jogo de ontem.

No day after, após a derrota para o Santos quero deixar registrado que não considero o resultado uma derrota comum, pois perder para o Santos não é nenhum demérito pela grande equipe que tem, o que chama a atenção foi o modo como aconteceu, em especial pela escalação do Inter com três volantes, sacando o Dagoberto e recuando o time, posteriormente quando o Dagoberto entrou, saiu o D´Ale, porque? O D´Ale é um jogador diferenciado e mesmo jogando só com um pé é mais criativo que muitos que estavam em campo. Não questiono o fato de que Dagoberto tinha que entrar, aliás no meu entendimento ele devia ter começado jogando, mas entrar no lugar do D´Ale foi uma decisão meio incompreensível, sendo uma daquelas coisas que eu como leigo não consigo entender,  mas como os “professores” ganham fortunas para serem especialistas em táticas e padrões de jogo, quem sou eu para ousar questionar.

Creio que ontem o time se complicou na chave, pois com a derrota para o Santos, ficaram três candidatos para duas vagas e o Inter agora esta obrigado a ganhar do The Strongest, no Beira Rio no dia 13 de março e trazer um ótimo resultado de La Paz, em 21 de março, pois se perder ou até mesmo se empatar, o time Boliviano poderá garantir uma das vagas, restando apenas mais uma a ser disputada com o Santos.

No jogo de ontem vimos o Santos avançar sobre o Inter, vimos Neymar brincar de avenida na nossa defesa, sem nenhuma providencia pontual , os volantes afundaram, o meio de campo estava perdido, complicando a defesa e o Damião voltou a ficar sozinho lá na frente, tentando chegar na bola após os chutões da defesa , no melhor estilo Celso Roth.

Em resumo, ontem tivemos a reedição e o retorno do Volanticídio, instalado no beira rio e defendida com unhas e dentes por todos que ali passaram nos últimos anos, pois se o Inter precisa reforçar a defesa, compra um volante, se precisa de ataque, vem um volante, se quer meio campo, contrata um volante, se precisa de um volante, goleiro ou gandula... Deixa para lá.
Não consegui identificar muito bem desde quando esta tendência surgiu, mas creio que foi na era Fossati, sendo aprimorada pelo Celso Roth, passando pelos demais treinadores.
Desde que o volanticídio foi eleito e consagrado no beira rio o time passou da condição de um time agressivo, copeiro e  que se impunha aos adversários e que era temido dentro e fora do seu estádio, para um time passivo e totalmente submisso ao esquema que o adversário propõe, principalmente jogando fora.

O Falcão foi uma exceção fugaz, pois no início ao assumir o cargo entusiasmou com um ótimo discurso e com idéias diferentes, encantando a torcida nos três primeiros jogos, contra o Santa Cruz, Emelec e Juventude, colocando o time para frente, de forma aguda agressiva, como esta fazendo hoje com o Bahia, mas logo se adaptou a realidade instaurada no Beira Rio e se rendeu aos volantes. Até resgatou o Mathias, para “alegria” da torcida e o Inter acabou sendo eliminado pelo Penharol, jogando com três volantes.

Pois este tipo de esquema tão “adorado” pela torcida ontem voltou, deixando o Damião isolado e sozinho em uma Seara estéril e inútil de campo, tendo que sair da área para buscar bola e  tentar alguma jogada, fato exatamente igual ao que acontecia com o Alecssandro, que saiu do Beira Rio criticado por não fazer gols e vaiado pela torcida, no meu entendimento de forma muito injusta e que hoje é um dos maiores goleadores do País.

O esquema de ontem fica ainda mais difícil de engolir, pelo fato de atualmente termos o melhor centroavante do Brasil e um dos maiores cabeceadores do mundo, por havermos buscado o Dagoberto que veio a peso de ouro para resolver um problema crônico e para fazer companhia ao Damião, mas que ontem ficou no banco de reservas , além disto temos um dos maiores articuladores do País que é o Oscar e ontem era deprimente ver o esforço do Damião tentando resolver tudo sozinho lá na frente , sempre cercado por 3 ou 4 adversários.

Sempre se fala que aprendemos com as lições do passado, parece que esta máxima não acontece no Beira Rio, perdemos para o Mazembe, fomos desclassificados na derrota para o Penharol, vimos o Santos ser massacrado pelo Barcelona, saindo de suas características e ontem cometemos os mesmos erros. Confesso não entendi a intenção do nosso treinador, não gosto de ver em campo um time apequenado e recuado, ainda mais com a qualidade de nosso plantel, sempre gostei muito do Dorival, o considero um treinador ousado e quando ele chegou tinha certeza que faria história no Inter, mas depois do greNal ele me parece meio sem convicção, pressionado e isto não está sendo bom para a equipe.

Temos plantel, temos equipe, temos treinador, temos uma Diretoria competente e engajada e possuímos todas as condições de passar para a próxima fase da Libertadores, então vamos torcer e apoiar o time neste momento difícil e esperar que a equipe se ajuste e atinja os objetivos do ano.
Volanticídio Volanticídio Reviewed by Redação on 12:24 Rating: 5

2 comentários

  1. Concordo, creio que entramos recuados e respeitando demais o Santos. Dagol fez falta e o Damigol estava sozinho todo tempo. Li a pouco que Dorival deixou Dagoberto e João paulo de fora porque se atrasaram no treino, se for verdade é uma grande estupidez e quem pagou foi o time.

    Roberto

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  2. Tenho escutado duas versões para a escalação equivocada do Inter contra o Santos.
    A primeira diz que o Dorival não colocou o Dagoberto e o Tinga em campo como uma forma de punição pelo atraso, não acredito que um cara com a experiência do Dorival, vá punir o time e comprometer a equipe por isso. A segunda diz que a escalação com três volantes teria sido sugerida pela Diretoria, que teria sido dito ao Dorival que era interessante jogar um pouco mais fechado, afinal era contra o Santos.

    Recordo que na época a mesma coisa foi dita em relação ao Falcão, que começou com um time ofensivo e depois acabou enchendo o time de volantes e acabou caindo.

    E tudo isto me fez lembrar de uma historinha:

    Certa vez que fui visitar um amigão meu que tinha um sítio em Viamão e eu criado na cidade, me empolguei e comecei a dar palpites e sugestões, faz isto faz aquilo e ele só escutando.

    Depois de certo tempo, creio que não agüentava mais escutar tanta asneira e me levou ao campo, mostrou dois montes de bosta e perguntou:

    - Sabes a diferença que existe entre a bosta mole e a bosta dura?

    Meio desconcertado, falei que não fazia a mínima idéia da diferença entre uma e outra e ele então me fulminou:

    - Pôrra, Tchê tu não entende de bosta alguma e ainda vem dar palpites furados, sobre assuntos que não tens o mínimo conhecimento ou qualificação...

    Para mim isto serviu de lição e ao Dorival fica um conselho: - Se errar, erra com tua própria cabeça e pelas tuas convicções, pois tem gente demais dando palpites e o lado mais fraco da corda estará sempre contigo.

    Roberto

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